01/04/2016

{Resenha} Isla e o final feliz, Stephenie Perkins

ISLA E O FINAL FELIZ | Stephenie Perkins | Instrínseca | 304 páginas | 2015
[skoob - adaptada] Tímida e romântica, Isla tem uma queda pelo introspectivo Josh desde o primeiro ano na SOAP, uma escola americana em Paris. Mas sua timidez nunca permitiu que ela trocasse mais do que uma ou duas palavras com ele, quando muito.Depois de um encontro inesperado em Nova York durante as férias envolvendo sisos retirados e uma quantidade considerável de analgésicos, os dois se aproximam, e o sonho de Isla finalmente se torna realidade. Prestes a se formarem no ensino médio, agora eles terão que enfrentar muitos desafios se quiserem continuar juntos, incluindo dramas familiares, dúvidas quanto ao futuro e a possibilidade cada vez maior de seguirem caminhos diferentes.

Comprei Isla e o final feliz há mais de um mês. Estava envolvida com o resto de leitura de O festim dos corvos, e logo comecei A dança dos dragões com grande entusiasmo... Mas meu ânimo murchou  e acabou pegando poeira no criado-mudo. Então, deixando de lado os receios adquiridos ao ler uma resenha negativa, tirei a nova aquisição da estante. E fui ler.


Em dois tinha acabado. Depois de uma leitura frenética, tenho a sensação de que, apesar de não ser um livro muito grande, a carga emocional é densa e fica nos atormentando durante a leitura. Não de um modo ruim, pois isso faz com que o leitor queira ainda mais saber o que irá acontecer. Conhecendo os livros de Stephenie Perkins, já dá pra estipular o final, mas o desenrolar da história é sempre uma surpresa.

Isla é uma garota muito tímida que sempre teve uma queda por Josh, o artista aparentemente inalcançável. Tive a impressão que o relacionamento deles começou muito rápido, mas todos os momentos juntos são tão fofos e espontâneos que nem dá de reclamar muito. Kurt é uma gracinha, sempre a voz da razão na paixão meio louca de Isla.


O mais interessante é observar as características comuns a Anna, Lola e Isla - as protagonistas dos livros de Perkins, e que fazem uma parte da vida da outra. Ambas são certinhas, apaixonadas mas com algo que atrapalha o possível romance. Tem sua própria obsessão (ou algo próximo a isso): cinema, moda, quadrinhos, respectivamente. Anna tem dentes separados, Lola usa óculos e Isla é baixinha (e ruiva!). Tanto Anna e Isla tem uma relação conturbada com seus irmãos.

Da esquerda pra direita: Anna, Lola e Isla
E também isto: senti muita pena da Hattie, pois, como Isla descobriu no final, sua irmã caçula só queria ser tratada com uma irmã, de igual para igual. Eu sou a irmã mais nova, e, se fosse comigo, duvido que eu não teria o espírito vingativo e ressentido sempre ligado. E Gen, a irmã mais velha, tem tudo para ser uma grande variável na vida de Isla, mas ela só aparece e depois vai embora. Gostaria de ter visto mais relação entre elas - daria muita coisa pra contar.

Stephenie Perkins, como sempre, consegue nos encantar com histórias doces e tempestuosas, com momentos de encher os olhos d'água e fazer nossos corações saírem pela boca. Sem contar a edição linda da Intrínseca - que capa mais amorzinho! *---* Enfim, Isla e o final feliz é uma leitura
prazerosa, embora dê vontade de bater na Isla várias vezes. Mas a gente releva: é por uma boa causa.

30/03/2016

{Playlist} All I want is...


Nada como um bom cachorro-quente depois de uma aula fazendo um fichamento pra lá de cansativo... e depois, é claro, música. Eu nunca fiz playlists temáticas, e não será hoje que eu mudo esse fato.

Hoje teremos Gabrielle Aplin, que me faz querer chorar a cada vez que ouço Home; temos a banda revelação (ao menos para mim, que a desconhecia) Kodaline com High Hopes e One Day. Dá as caras a minha queridinha Birdy com seu mais novo upload, Wild Horses (clipe meio esquisitinho, mas a gente releva porque a música é boa) e também Halsey com Colors. Não podemos nos esquecer de Florrie (que já conhecia e tirei do baú alguns dias atrás) e seu Little White Lies e de Aurora com Warrior.

E que comece o show! :)









20/03/2016

{Desafio de escrita} Mais uma bebida, por favor!

Foto: Flickr


Arranco o crachá da minha blusa e atiro no balcão, aos olhos furiosos da minha supervisora. Ela parece que vai espumar a qualquer instante, então sorrio, arranco a bolsa da cadeira e quando alço voo até a porta de saída. Até nunca mais.

Tento respirar um dois um dois um ar ar um dois a meu socorro dois um.

Preciso chegar ao ponto de ônibus o mais rápido possível, chegar em casa e me esconder lá por uma semana inteira. Quero ignorar a todos. Não, ônibus não. Muito devagar. Embora, neste momento, acho que nada irá rápido o suficiente para mim. Quero correr, mas meus sapatos de salto não permitam. Danem-se eles. Tiro os sapatos e os jogo dentro da bolsa, jogando sujeira e pedacinhos de asfalto junto. 

O céu está pesado e venta muito, o calor chega em ondas até mim. Vai chover logo, mas não me importo, ou não quero me importar. Preciso de um emprego novo, penso. Preciso de uma vida nova. Acho que, talvez, precise de um milagre. Há raiva ebulindo dentro de mim, e sinto que lágrimas - de ira, tristeza, - chegarão a qualquer instante num futuro muito próximo.

Mas elas não são rápidas o suficiente. A chuva começa a cair fria sobre meus cabelos, encharcando-os e escorrendo pelo meu pescoço. Onde está minha sombrinha? Onde? Vasculho a bolsa só para me lembrar que ficou na minha gaveta no escritório. Não vou voltar para buscar. Queria o ônibus agora, mas momentaneamente me sinto perdida. Então chega o granizo, pedrinhas de gelo pipocando e machucando minha pele. Preciso de refúgio, e rápido, então entro na primeira porta aberta que encontro. 

É um bar. Há poucas pessoas naquele ambiente mal iluminado e que cheira a mofo, todos olhando de esguelha para a mulher descalça e molhada que acabou de entrar. O atendente, um rapaz magrelo que parece ter quinze anos, ri de modo simpático para mim.

- Foi pega de surpresa pela chuva, moça? 

- Acho que sim - estou tentando decidir o que faço primeiro: bebo algo ou tento me secar.

- Tem um banheiro ali atrás. Pode usar se quiser.

Isso faz com que eu me decida, e, cinco minutos depois, estou um pouco menos molhada, e minha bolsa foi salva de maiores estragos. Sento-me ao balcão e peço uma bebida quente, para afastar o frio repentino da chuva. O rapaz me traz um copo com um líquido laranja, e sorri quando faço cara feia.

- É a nossa especialidade, cachaça das boas. Garanto que não tem que ter medo disso aí, moça. Vai esquentar rapidinho.

Tomo um gole cauteloso, e sinto meu corpo todo estremecer e aquecer. Solto um suspiro, e balanço os pés, muitos centímetros acima do chão. Estou relaxando lentamente a cada gole da cachaça, e presto atenção para ver se vou ficar tonta. Não fico, mas quando enxugo o copo, não peço mais. Há um rádio ligado no fim do balcão, e fico ouvindo as notícias mais recentes enquanto me torturo com pensamentos sobre voltar para casa e receber sermões da minha mãe sobre deixar um emprego neste época tão difícil. Então não percebo que o rapaz voltou a falar comigo.

- Moça? 

- Desculpe, não prestei atenção. O que disse?

- Eu estava olhando pra você, e, er, quero dizer, não estava olhando, e eu não sou do tipo que encara as garotas, moça... - ele engasga um pouco e recomeça quando vê que eu sorrio. - Você não é a garota do blog? A do Audácia Turquesa?

"Você não é a garota do blog?" A frase ecoa na minha mente. Ele disse o nome do meu blog! Estou pasma.

- Sou. Sou eu, sim.

- Eu lia ele, sabe? Gostava das suas resenhas. Do que você escrevia. E ouvi algumas das suas playlists, mas não era meu tipo de música, sabe? Mas eu li A revolução dos bichos depois da sua resenha. Ganhei um dez por apresentar o livro na escola. 

- Você está falando sério?

- Sim! Quero dizer, não pareço do tipo que lê, sei, mas eu leio. Livros e o seu blog. Pena que não vejo posts novos há quase um ano. - Então o rapaz me lança um olhar esperançoso. - Você vai voltar a escrever? Porque falei para meus colegas que você daria uma blogueira famosa no futuro.

- Acho que sim. - Rio, porque é engraçado demais. - Não sei mesmo. Mas quero outra daquela dose, por favor.

Enquanto bebo, penso que tenho outras prioridades além do meu fatídico Audácia Turquesa, mas tudo no que consigo pensar é que este rapaz, o mais improvável entre todos, terá uma surpresa quando acessar o blog da próxima vez. E, quando vou embora, com a cabeça leve, mas sem estar bêbada, descubro um novo rumo para o meu destino ao cruzar uma das esquinas da vida.


Este texto faz parte do Desafio de escrita e corresponde ao item 5: Você sai de casa sem guarda-chuva, é pego de surpresa pela chuva e entra em um bar qualquer. E também é o texto da semana passada que eu não postei... O que significa que semana que vem terá um desafio duplo! =^.^=

06/03/2016

{Desafio de escrita} A noite antes

Foto: Flickr

Um estalo e abro os olhos

É noite.

Resmungo para a almofada e confiro as horas no relógio da parede, esticando os braços sobre o braço do sofá. É meia noite e quinze e a luz do abajur ainda está ligada, com a televisão zumbindo baixinho no canal de notícias. Dormi apenas uma hora. Não acredito. Mas eu sei o porquê.

Amanhã é o meu grande dia, em que vou finalmente vou embarcar para três semanas na Europa. Os primeiros dias alternando entre Portugal e Espanha, passando pra França, Suíça, Alemanha, Polônia, Holanda, Inglaterra e terminando na Irlanda. Uma passadinha na Escócia se tiver tempo. Amanhã vou viajar de avião pela primeira vez. Amanhã enfrentarei sozinha horas e horas de voo, confinada em uma poltrona com pessoas desconhecidas. Mas eu não ia sozinha.

Faz anos desde que começamos a planejar nossa viagem. Dois pontos eram certos: Holanda e Irlanda. Eu queria muito ir à Amsterdã, e minha irmã tinha o sonho de ir até as terras mágicas de seus livros. Tudo em nossa vida era a magia que nos esperava mundo afora, nossos sonhos e nossos anseios.Tenho vontade de ligar para ela agora e perguntar se minha irmã ainda lembra os planos que cultivamos. Foram tantos.

Tensiono pegar o telefone, e quando alcanço o tapete onde o deixei, meus dedos alcançam somente pelo macio. É meu fiel companheiro, Lasanha, um gato laranja que escolheu este momento para se esparramar no chão. Acaricio seu focinho preto enquanto ele ronrona. É uma pena não poder levá-lo na viagem. Ele reclamaria tanto quando minha irmã, mas sua cara feia não apareceria nas fotos.

- O que acha, Lasanha? - pergunto, pegando o telefone com dedos firmes. - Ligo ou não ligo? Jogo na cara dela que vou sozinha amanhã na nossa viagem?

Mas ele balança a cauda e pisca, sem sequer miar para mim. Suspiro. A decisão é minha, e estou sozinha. Começo a teclar os números, e ouço a chamada, Toca, toca e toca. Então: "caixa postal..." e desligo.

- Nem me atende - resmungo para o gato. - Ela não está nem aí para mim! Deve estar na balada, no bar, até no cinema que ela odeia, mas que o "sr. Perfeito" adora. Ela nunca foi comigo! - estou com raiva agora. Quando vejo que estou com raiva demais, paro. - Não vou estragar minha última noite em casa por ela.

Minha irmã. Enquanto passam as horas, eu me pergunto porque ela desistiu da viagem, e em que ponto da nossa vida juntas que foi. Quando tinha quinze e ela dezoito, começamos a juntar o dinheiro. Quando me formei no ensino médio, começamos a planejar o roteiro passo a passo. Quando nos mudamos para um apartamento, eu continuei ligando para agências de viagem e conferindo preços. Mas ela falava em mestrado e, ao invés de uma aventura, queria estabilidade. Pegou sua parte do dinheiro e investiu em um imóvel.

Então estou aqui sozinha, às duas da manhã, buscando comida na geladeira, temendo o dia seguinte. Eu sei que ela quis seguir em frente e preferiu a aventura da vida adulta ao sonho de adolescente, mas há algo em mim que anseia pela realização do meu plano. De começar a conhecer o mundo. Não queria ir sozinha, mas a vida dá voltas, não é? Amanhã - não, hoje daqui a algumas horas - parto para meu novo desconhecido, onde nunca estive. Sempre ela esteve comigo.

Mas não hoje. Mas não nesta viagem. E quando dá três da manhã, estou enrolada em um cobertor na varanda, televisão desligada e luz apagada. Meus olhos estão pregados na cidade abaixo, piscando sonolenta na madrugada. Ouço Lasanha explorando a cozinha e perseguindo casuais aranhas pelo piso. Não quero mais dormir, e nem sequer tenho sono. Minhas malas estão prontas, esperando no corredor. Meu diário de viagem está rolando nas minhas mãos, esperando para ser preenchido. O plano inicial era escrevermos juntas, e agora é só meu. Todos os espaços em branco esperando para serem completados pela minha letra.

É difícil assumir que se está só. É difícil admitir que uma parte da sua vida ficou para trás, e que agora é preciso continuar sem ela. Nós crescemos e amadurecemos, mas nunca estamos prontos para a mudança. E este é o meu momento da mudança. É quando aceito que estou sozinha nessa. E estou.

Quando dá seis horas da manhã, já dormi durante mais do que esperava, e ainda por cima na minha cama, não no sofá. Tomo banho e engulo uma xícara de chá fumegando, e levo as chaves do apartamento para o vizinho do andar de cima, que ficará a cargo do Lasanha pelas semanas seguintes. Junto minha bagagem, meu espírito de aventura e o resto de coragem que a noite me deixou. E vou.

Este texto faz parte do Desafio de escrita e corresponde ao item 19 - Você não consegue dormir. Leia o primeiro texto do desafio também... Semana que vem tem mais! :D

01/03/2016

{Fotografia} Expo: ainda nos resta um verão

Para quem conhece o Flickr, já deve ter ouvido falar das Exposições - uma galeria de fotos de vários autores centrada em um tema. Nunca fiz qualquer exposição antes, mas resolvi trazer algumas fotos sobre o tema "verão" - março já chegou, mas faltam algumas semanas para começar a próxima estação.

Obrigada, então, aos fotógrafos por disponibilizarem suas fotos incríveis, permitindo que eu as compartilhasse no blog. A exposição original no Flickr está aqui. Pessoas, leitores assíduos ou visitantes de passagem, por favor, visitem os links e favoritem as fotos abaixo - um trabalho que não devemos deixar passar em branco.

Foto: Leandra Rodrigues

Foto: Isadora Carvalho

Foto: Danielle Nelson

Foto: Danielle Nelson

Foto: Lecy S.

Foto: Chris Frank