17/03/2013

[Escrivaninha] Retroceder e ir em frente



Faz alguns anos (alguns mesmo), que eu fiz um post de fim de ano. O nome era "Para escapar", e o texto era horrível. Não bem horrível, mas em visto do que eu consigo mais ou menos escrever hoje, ele não foi um dos que eu coloquei no pedestal. De qualquer jeito, o texto falava sobre o que tinha acontecido naquele ano, sobre como eu tinha tentado escapar das situações ruins da minha vida, contando com as amigas e coisa e tal.

E aí que eu pensei: eu era covarde? Não, eu não era; eu devia ter no máximo onze anos, e uma menina de onze anos simplesmente não tem muita ideia do quando aquela situação ruim era pior ainda.

Essa menina de onze anos cresceu, e agora está com catorze anos e meio. Agora ela sabe que a situação anterior (desculpe, não estou a fim de falar o que é) é muito ruim, mais do que naquela época, e que só vai ficar pior. A vida dela passou por tantas e tantas coisas... Mas quase ninguém sabe disso, ela esconde. É maneira dela de superar, de ir em frente. De vez em quando, ela retrocede e pensa no passado, amargando vez ou outra todas as atitudes que ela poderia ter tomado mas não tomou, do que podia ter falado mas ficou quieta. São tantas pequenas coisas das quais ela se arrepende, mas ela bem sabe que não pode mudar o que já aconteceu, e sim tentar dar um jeito no seu futuro.

Dói saber que tanto ainda pode dar errado - e ela sabe que está entrando em mais uma fase difícil, mais uma. Mas ela já passou por muitas, e sabe que é apenas mais uma em sua contagem. Ela vai sobreviver, como tem todos os anos, meses e dias. Todas as horas em que ela pensou em sentar na calçada e chorar... Ela ainda vive um pouco dessas horas, mas, ao invés de querer fazer isso (ela nunca pôde), ela só se levanta e vai dar uma volta pela casa. Ver o que ainda pode concertar.

É nesses momentos em que ela vai em frente. Em frente, em frente, em frente. Ela não pensa nessas exatas palavras, mas é assim que age. Escolha? É claro que há. Ela podia simplesmente desistir de tudo e todos, fugir, mergulhar em um mundo só seu e esquecer o sofrimento.

Mas do que adianta? Como eu disse, ela retrocede muitas e muitas vezes, e não é só porque ela vai se encolher e fazer questão de ser esquecida que tudo vai embora.

Porque ela também tem suas lembranças felizes. As mais felizes talvez sejam lá mais de trás, de quando era nova e acreditava no Papai Noel. Mas ainda tem lembranças felizes, ela quer seguir um futuro, e tem certeza de que, se passar por mais essa fase difícil que vai começar amanhã ou ainda esta noite, vai logo deixar de dar tanta importância. Ela vai aprender finalmente a ir em frente. Sem retroceder.

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