13/03/2015

{Resenha} Semideuses e monstros, Rick Riordan

Livro: Semideuses e Monstros
Organização e introdução: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 272

"A série Percy Jackson e os olimpianos conquistou milhões de fãs mundo afora. E engana-se quem pensa que só crianças e adolescentes foram inspirados pelos livros de Rick Riordan. Muitos adultos também se encantaram pelas aventuras, conflitos e angústias de Percy e seus amigos. Prova disso é Semideuses e monstros, uma coleção de ensaios que explora o universo da série com humor, leveza e boas doses de mitologia e história.
Com prefácio do próprio Riordan, que também participou da edição e organização dos textos originais, em Semideuses e monstros o leitor descobrirá como reconhecermonstros que espreitam ao nosso redor, quais são as dores e as delícias de ser uma caçadora de Ártemis, qual deus do Olimpo melhor se sairia no papel de pai e, mais importante: verá que os deuses gregos, assim como nós, são repletos de falhas e imperfeições o que os torna ainda mais irresistíveis." - Retirado do Skoob. 

Devo admitir que não esta empolgada para ler o mais novo volume ligado à série Percy Jackson e os Olimpianos - neste caso, este mesmo livro. Minha primeira decepção, ainda na livraria, foi descobrir que não se tratavam de contos envolvendo os personagens, mas sim de análises feitas por outros autores, que exploravam um pouco mais o novo conceito mitológico empregado pelo autor da saga (carinhosamente conhecido como tio Rick). Por um ou outro motivo, ganhei o livro no amigo secreto no fim do ano (obrigado, Geisi *-*). E sua leitura foi, em alguns pontos, uma surpresa bem agradável.

Não me lembro de ter lido ou tido contato com outra obra que segue o mesmo estilo, portanto, foi minha iniciação no mundo da literatura analítica (se é que isso existe, pelo menos ficou um termo "usável"). O livro começou muito bem, a introdução feita por Riordan trouxe à tona seu estilo honesto e divertido de escrita. Devo dizer que ficaria feliz se Semideuses e monstros fosse todo escrito por ele; mas então a graça toda acabaria, por que de modo algum que ele analisaria sua própria história com o mesmo olhar concedido pelos outros autores.

Dentre as 15 análises compiladas, falarei apenas sobre meus quatro favoritos. O primeiro, e o mais favorito de todos (se assim possível) foi "Dionisio: Quem o deixou administrar um acampamento?", da autora Ellen Steiber. Eu não sou exatamente fã de Dioniso - não gosto e não odeio - mas, se houvessem outros livros da série para ler (agora que acabou, mimimi), eu com certeza teria um olhar diferente sobre ele. A autora conseguiu explorá-lo em seu máximo, e a abordagem feita sobre a loucura e alguns mitos gregos que a envolviam... eu fiquei "de cara" - porque esta é uma expressão muito boa para representar minha reação ao terminar o "conto" (eu não sei como chamar isso).

Outro da lista é Mais maus, impossível, da autora Hilary Wagner, onde aborda a história de Hades e Nico, analisando suas ações e as relacionando com o seu passado. É muito interessante, porque, quando os dois personagens estão em cena, você pensa apenas naquele momento, nas suas reações momentâneas - mas não é bem isso. Tudo o que fazemos ou pensamos é porque existe um longo histórico que nos segue na vida, e isso se aplica também a personagens. (No caso de Hades, a figuras mitológicas também.) Wagner expõe detalhes em que, pelo menos eu, nunca teria arriscado pensar ou refletir sobre. É como se estivesse lendo os personagens pela segunda vez, só que com uma nova perspectiva. Ler Semideuses e Monstros fez isso comigo.

"Nem mesmo os deuses são perfeitos", de Elizabeth E. Wein: outro que merece grande destaque. Aqui, o tema é as deficiências usadas na ficção - e não apenas em Percy Jackson! É claro que nosso querido semideus é o foco principal (isso me lembrou das aulas de física - preciso estudar), mas isso não significa que Wein não explore outros exemplos para exemplificar (exemplos para exemplificar? Sério? Eu realmente escrevi isso?). Eu fiquei embasbacada com a forma como ela expôs a relação da "deficiência" ou problema com o protagonista. São táticas muito usadas por autores, mas nem sempre nos damos conta disso.

E por último, "Olhos congelados", por Kathi Appelt - que me fascinou logo pelo início de sua análise, com uma narrativa divertida e íntima. Suas reflexões sobre as profecias em Percy Jackson não foram as melhores - embora muito boas - e o que realmente me conquistou foram os detalhes do Oráculo original comparados aos do Oráculo dos livros (e não estamos falando de Rachel Elizabeth Dare). Porque a múmia no sótão ficava em um banquinho com apenas três pernas? (Eu achei estranho esse detalhe na história de Ladrão de Raios, parecia levemente deslocado.) Porque o Oráculo sentava-se em "seu estranho poleiro em forma de tripé" (pág. 192)! Não foi algo saído do nada, uma ideia aleatório - eu espero que não, pois coincidência dificilmente seria.

Admito que o livro foi melhor do que previam minhas expectativas, mas mesmo assim, passaria longe do prêmio de Melhor Livro do Ano. Mas, apenas pelo que nos é passado nas quatro análises que citei (as melhores na minha humilde opinião), o livro todo vale a pena. :)

xoxo, Nat

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