Em As vantagens de ser
invisível¸ há uma parte em que Charlie diz que “se sentiu infinito”.
Naquele momento, eu pensei que aquilo era absurdamente estranho, considerando
que ele não iria viver para sempre. Talvez ele quisesse dizer que tudo ficou
tão bom que pareceu infinito. Ou que ele sentiu sua própria alma agitando-se
mais do que o corpo, e ela é infinita. Para o mundo e para o sempre, ela é
infinita.
Eu posso dizer que senti o mesmo que ele quando ouvi a
música Stubborn Love, do The
Lumineers, alguns minutos atrás. É uma música linda, e eu sempre quero cantar
junto. Ela faz com que eu me sinta feliz, com vontade de chorar ou de sorrir.
Acho que isso é mais ou menos o infinito. Quando é tão bom que parece nunca
acabar.
Há poucos momentos em que nos sentimos infinitos. Não porque
não somos seres felizes ou contentes com as pequenas coisas, porque são elas
que nos fazem sentir assim. Mas porque não somos tão tocados a ponto de nos
sentirmos infinitos por essas pequenas coisas. Elas são especiais, como ouvir
uma certa música, como ler um trecho de livro, ver um vídeo especial, olhar
para um lugar ou uma fotografia e ter lembranças muito, muito boas. Nunca há
muitas coisas que nos fazem sentir infinitos. Para o Charlie, foi a música Asleep, do The Smiths, que tem um nome
parecido com a da banda que tem a minha música infinita, o The Lumineers.
E eu digo que não têm tantas coisas assim, infinitas, porque
se não elas deixariam de ser tão absurdamente especiais. Serem raras – mas que
existem para todos – é o que as tornam infinitas. Não existem muitos momentos
infinitos, pois há o ontem, o hoje, o amanhã e um pequeno infinito que nós
vivemos.
Há o infinito entre o 0,1 e o 0,2, que corresponde à música
(no meu caso) e há o infinito entre o 0 e o 2. Este último tem números maiores,
o que talvez signifique que ele tem mais valor que o primeiro conjunto. Mas os
meios talvez fiquem perdidos no caminho, porque ele pode representar a vida – o
infinito dela. O conjunto entre 0,1 e 0,2 tem números menores, o que significa
que ele tenha menos valor para mim (estou me usando como exemplo). Mas eu me
lembro perfeitamente dele, pois a música não é tão comprida quando a minha
vida, e é fácil recordá-la.
Então 0 – 2 é a vida, e 0,1 – 0,2 é a música. Ambos são
infinitos, um porque simplesmente é e outro porque ele faz com que eu me sinta
assim. É uma teoria estranha e eu não consigo achar muito sentido em infinitos,
ou na minha vida como um infinito, mas às vezes não é preciso ter um sentido.
Às vezes é preciso sentir.
Mas então. O infinito “menor” é mais notável dentro do
infinito “maior”. O maior é só um conjunto da vida, e ele é composto só por
números. Mas existe esse subconjunto que é o menor. O meu infinito. O que eu
escolhi. A minha pequena raridade infinita. Todo o resto da minha vida está em
cada número, mas a música tem o próprio infinito.
Porque o mundo, o infinito maior, é composto por todos os
outros números (casas, natureza, cores, ar, terra) e existem os subconjuntos – as
vidas. Dá pra fazer uma analogia assim. Os subconjuntos dão sentido ao conjunto
maior.
Isso ficou confuso (especialmente porque misturei três
teorias de livros diferentes: que números representam qualquer coisa, de O Teorema Katherine¸ John Green. E dos
infinitos de A culpa é das estrelas e
As vantagens de ser invisível). Mas
acho que está bom.
Espero que você já tenha encontrado o seu infinito – sua
raridade, o seu subconjunto de números menores que sempre irá se lembrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário