22/03/2014

Cotoco, John van de Ruit

A primeira vez que ouvi falar de Cotoco foi em uma resenha de blog, que hoje não lembro qual foi. Um tempo depois, vi ele na biblioteca pública, mas não fiquei muito interessada para ler. Não sei porque demorei tanto.


Cotoco é a história de um garoto de treze anos, John Milton, cujo pai poderia ser um interno de um hospício, a mãe poderia ser considerada normal, e a avó que acha que todos roubam dela. John vai para um internato pela primeira vez. Ele vai parar direto na ala com garotos apelidados de Rambo, Cachorro Doido, Barril, Lagartixa, Esponja, e com Vern e Simon (estes são chamados pelos respectivos nomes). John logo entra na onda, e já nos primeiros dias, ganha seu apelido: Cotoco.

Enquanto Cotoco narra em seu diário, dá a impressão de que foi parar em um manicômio. Cercado de lunáticos, ele logo entende que é ali que vai passar o resto do ano e se junta à baderna, formando com os companheiros de dormitório o grupo conhecido como os Oito Loucos, aprontando o que se transformam aventuras memoráveis em um internato em 1990 na África do Sul.

No início, fiquei um pouco arredia. O título não parece muito promissor, mas a sinopse me convenceu a ler. O livro é narrado na forma de diário, contando os jogos de críquete, os almoços com o professor beberrão Guv, as perspicácias dos Oito Loucos (mergulhos noturnos, investigação do suicídio de um professor 40 anos atrás, roubo à cozinha e etc.) e os feriados em família.

Cotoco parece sempre meio pamonha e medroso, mas ao decorrer da história, ele vai adquirindo mais segurança e loucura (contaminado pelos seus amigos). Os personagens sempre tem características mais marcantes, que vão guiando os acontecimentos do livro. Eu consegui gostar um pouquinho de cada um, especialmente da Sereia, do Guv e do Lagartixa.

A leitura não inclui muitos diálogos, mas flui com facilidade. O livro tem uma quantidade infinita de situações bizarras e hilárias, que me fizeram rir enquanto eu lia na aula (acho que ninguém percebeu, guardei o livro rapidinho). Aos poucos, você vai se familiarizando com a rotina e de Cotoco, e no fim das contas, já não larga mais do livro.

Apesar de ser muito engraçado, o autor comenta também sobre questões políticas de um jeito bem discreto (era a época em que o Nelson Mandela foi solto), um tantinho sobre o machismo, e claro, sobre a loucura. As reflexões são bem simples, quando Cotoco às vezes questiona se não está um pouco lelé. O Vern (um dos Oito Loucos) é um doido assumido, a namorada de Cotoco, Sereia, entra em depressão, o Guv, meio fora da casinha também, e os pais de Cotoco, lunáticos. Mas em nenhum momento o autor põe isso como algo ruim. Achei que esse foi um pouco positivo bem interessante.

Meu guru se empoleirou na pedra e admirou o vale. Virou-se para mim e disse: "Cotoco, na qualidade de seu conselheiro, digo que você deve ir em frente. Viva o presente e deixe para esquentar os miolos depois! Sem culpa, companheiro. Carpe diem, aproveite o dia. A gente nunca sabe quando será o último". Pag. 300  

Ler Cotoco foi um experiência nova, de humor, loucura, mais humor, emoção. E consegui até chorar um pouco no fim do livro (não conto o motivo porque é spoiler). Ah, e me deu vontade de voltar a ter um diário. Mesmo que eu não vá fazer isso.

3 comentários:

  1. Oi, Naty!

    Já tive vontade de ler esse livro, mas acabou esfriando... Acho que qualquer dia compro para ver se é bom mesmo, sua resenha me empolgou.

    Beijão,

    Natalia Leal
    Páginas Encantadas
    http://www.paginas-encantadas.blogspot.com

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  2. É a primeira resenha que li do livro, mas já tinha ouvido falar bem umas tantas vezes. Pelo título eu também não me convenceria, mas adorei sua resenha! Acho que estou precisando de um livro regado a um humor louco assim.

    Beijitos

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