{Resenha} A tormenta de espadas, George R. R. Martin

Livro: A tormenta de espadas (As Crônicas de Gelo e Fogo #3)
Autor: George R. R. Martin
Editora: LeYa
Páginas: 880

Enquanto os Sete Reinos estremecem com a chegada dos temíveis selvagens pela Muralha, numa maré interminável de homens, gigantes e terríveis bestas, Jon Snow, o Bastardo de Winterfell, que se encontra entre eles, divide-se entre sua consciência e o papel que é forçado a desempenhar. Robb Stark, o Jovem Lobo, vence todas as suas batalhas, mas será que ele conseguirá vencer os desafios que não se resolvem apenas com a espada? Arya continua a caminho de Correrrio, mas mesmo alguém tão desembaraçado como ela terá grande dificuldade em ultrapassar os obstáculos que se aproximam. Na corte de Joffrey, em Porto Real, Tyrion luta pela vida, depois de ter sido gravemente ferido na Batalha da Água Negra; e Sansa, livre do compromisso com o homem que agora ocupa o Trono de Ferro, precisa lidar com as consequências de ser a segunda na linha de sucessão de Winterfell, uma vez que Bran e Rickon estariam mortos. No Leste, Daenerys Targaryen navega em direção às terras da sua infância, mas antes ela precisará aportar às desprezíveis cidades dos escravagistas. Mas a menina indefesa agora é uma mulher poderosa. Quem sabe quanto tempo falta para se transformar em uma conquistadora impiedosa? 

Foi difícil vencer as 840 do maior livro com que eu já tinha me deparado (as últimas 40 páginas são um apêndice que todos os livros têm). A leitura não demorou tanto tempo quanto a do primeiro volume, mas foi tão cansativa quanto. Eu digo: é preciso ter muita força de vontade para não simplesmente parar de ler.

Não é que seja um livro ruim; pelo contrário. O livro é tão recheado de reviravoltas, imprevistos e tudo o que não é clichê, que deixa sua mente atordoada alguns instantes após vencer cada página, como se precisasse de um tempo para assimilar e tentar guardar tudo na memória. Muitas e muitas vezes eu me perdia no meio de parágrafos (em especial os de descrição) ou retomava a leitura e tinha que ler toda a página novamente até me lembrar de onde tinha parado. Ler um livro de Martin é como fazer um exercício mental; é preciso paciência, vontade (já comentei) e entusiasmo.

Porém, entusiasmo é o que não falta. A trama que o autor tece ao redor das personagens os deixa presos uns aos outros, por mais distantes que estejam e por mais distintos que pareçam. Há aliados e traidores em todos os cantos e a todos os momentos. E por menos que você goste dos vilões ou dos mocinhos (estes estão em falta), eles te conquistam, te envolvem em sua própria história; e se no início do livro você suspirava de tédio ao se deparar com um capítulo de uma personagem da qual não gosta, no fim do livro você só consegue ler, ler, ler.

Confesso que Davos, o Cavaleiro das Cebolas, me irritava em suas partes narradas. Ele era bonzinho demais, ele acreditava demais em seu rei, como se tivesse certeza de que o rei não iria prejudicá-lo. No fim das contas, ele e sua confiança acabaram por ajudar (e salvar) muitas coisas, mas não simpatizo ainda. Jon e Sam não foram dos meus preferidos, embora eu aposte que Jon ainda tem grandes chances de sobrevivência (e embora também ache que ele não sabe de nada). Dany e Arya, como sempre, foram minhas preferidas. Elas têm um desenvolvimento explícito e um amadurecimento notável, a história que as envolve é tão incerta quanto a dos outros personagens, mas, para mim, ainda mais urgente e empolgante. E devo dizer que o envolvimento (não romântico) de Jaime e Brienne me deu esperanças de que o cavaleiro não é tão ruim como pensava. Pelo menos até agora.

E nem preciso comentar sobre as mortes - algumas tristes, e outras triunfantes - que aconteceram em enxurradas neste volume. Quer dizer, quando casamentos se tornam mais perigosos do que batalhar, então é porque a situação está muito, muito feia. E promete ficar ainda pior, com reis a menos e tronos sobrando... Tudo o que posso fazer é ser uma espectadora no jogo dos tronos, onde peças e jogadores se confundem e trocam de posição antes que possa dizer