30/09/2015

{Resenha} Serena, Ian McEwan

 
SERENA | Ian McEwan | Companhia das Letras | 384 páginas 
(Skoob - adpatada) "Ao ser contratada pelo MI5, o Serviço Secreto Britânico, a protagonista Serena se vê como participante de uma mentira cujo objetivo é fomentar a criação de uma ficção. Isso porque ela é incumbida de estabelecer contato com um escritor a quem não pode contar que é uma espiã. Mas o contexto de toda essa armação é uma guerra muito real, num período bastante violento da história da Inglaterra, especialmente por causa da atividade do IRA. E, para Serena, o caso envolve ainda sua vida pessoal, tanto no que se refere a seu antigo amante quanto no que se refere ao escritor que é vítima do ardil, por quem acaba se apaixonando. Ela é, portanto, agente e vítima, personagem e criadora, num romance em que todos esses papéis são questionados com fervor. "

Comecei este livro como tantos outros: uma escolha ao acaso nas estantes repletas da biblioteca. Como sempre, havia aquela expectativa batendo lá no fundo, em algum lugar; tratei de acalmá-la e segui com a leitura.

E digo: não há nada de especial com o livro. Esta é a sensação predominante no início da leitura, com uma protagonista com um potencial absolutamente grande, mas que se revela tanto quanto ingênua. Porém, uma genuína leitura, que se compara aos personagens de seus próprios romances. Isso dá ao leitor uma impressão inédita de aproximação com a protagonista. É permitido se identificar com o livro ao mesmo tempo em que ocorre a leitura; há reciprocidade durante o processo: obra e leitor se analisam e questionam. Comento que esse é um dos pontos mais fortes presentes no enredo.

E você continua a leitura, porque é isso que (na grande maioria das vezes) é o que se deve fazer. Ir em frente. O ritmo aumenta, tramas começam a se entrelaçar lentamente - porque este é o ritmo do livro. Há pouca ação ao longo de suas quase quatrocentas páginas, o que torna a leitura arrastada. Não monótona, porém agradável, afinal aqui o foco é o suspense que se desenrola nas mãos da heroína ao mesmo tempo que se desenrola nas mãos do observador alheio. Ambos recebem as mesmas informações no mesmo momento.

Confesso que esperava um envolvimento maior no campo de "atualidades" da época, como os ataques do IRA, mas o enfoque maior fica, sim, por conta da sinopse na contracapa. Porém, são claros as referências feitas ao movimento hippie e similares dos anos 60, o que oferece nova perspectiva dos acontecimentos. Ao longo da narrativa, porém, os detalhes vão ficando para trás e nos concentramos em Serena e seus dramas finais. Admito aqui que o jogo político que permeia a história constitui um dos nichos mais envolventes e causticantes. E ele, de certa forma, nos leva ao desfecho da saga.

Não há uma certa palavra que possa descrever o sentimento que surge no final desta leitura. Há algo de decepcionante nele, e há uma sensação composta em grande parte por uma incredulidade sem tamanho, quando se dá conta do que tudo leu. É fácil perceber que o final do livro é o livro todo, sem tirar nem pôr - muitos mistérios que convergem para um único ponto em que o destino dos personagens dá meia volta e segue por outro caminho.

Um livro que não faz parte da minha estante usual, mas que poderia fazer parte muito bem. Uma leitura inteligente e para leitores pacientes - nada de espiar as últimas páginas!


Esta leitura foi feita ainda no início do ano, mas o livro merecia sim uma resenha! 
Espero que aproveitem! =^.^=

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