12/01/2016

{Resenha} Mosquitolândia, David Arnold

MOSQUITOLÂNDIA | David Arnold | Intrínseca | 352 páginas | 2015
(Skoob) “Meu nome é Mary Iris Malone, e eu não estou nada bem.” Após o inesperado divórcio dos pais, Mim Malone é arrastada de sua casa em Ohio para o árido Mississippi, onde passa a morar com o pai e a madrasta e a ser medicada contra a própria vontade. Porém, antes mesmo de a poeira da mudança baixar, ela descobre que a mãe está doente. Mim foge de sua nova vida e embarca em um ônibus com destino a seu verdadeiro lugar, o lar de sua mãe, e acaba encontrando alguns companheiros de viagem muito interessantes pelo caminho. Quando a jornada de mais de mil quilômetros toma rumos inesperados, ela precisa confrontar os próprios demônios e redefinir seus conceitos de amor, lealdade e sanidade.

Primeira resenha do ano. Primeira leitura do ano. Devo dizer que fiquei feliz de começar com uma leitura espetacular. 

Mary Iris Malone acabou de ser chamada à sala da diretoria da sua escola. Enquanto espera, ela ouve seu pai e sua madrasta falando sobre sua mãe. Que está doente. Nossa heroína então sai da sala, vai até sua casa, rouba pega emprestado as economias de sua madrasta e foge. Um começo promissor, mas que pode tanto acabar em clichê e virar clássico da Sessão da Tarde (não menosprezando, minha infância foi feita de Sessão da Tarde) ou não acabar em clichê e virar um mito entre as estreias literárias estadunidenses. 

Vou deixar adivinharem. NÃO,  não se tornou Sessão da Tarde. E tem tudo para ser um mito.

Nada em Mary Iris Malone é clichê. Considerada louca pelo pai, suas chances de ser uma adolescente "normal" são quase zero. Isso não a impede, é claro, se ser tão envolvente e encantadora como personagem quanto qualquer outra heroína. Mas do que isso, Mim Malone é mais personagem por ser uma exceção na história das mocinhas de livro. Acompanhada de seu novo corte de cabelo, epiglote deslocada, tênis chamativos e a inseparável maquiagem de guerra, ela se torna invencível - em todos os sentidos.

Os que a acompanham em sua viagem até Cleaveland, bem, são tão imprevisíveis e extraordinários quando a própria Mim. Seus Eds e Carls estão lá, assim como sua companheira de fileira Arlene (que tem cheiro de biscoito caseiro), o Homem do Poncho (desgraçado), o Menino de Sombras, sem deixar de mencionar, é claro, Walt e Beck (17C). Mas sem falar demais, porque ninguém deve receber spoiler deste livro. Cada leitor deve desvendar cada página sozinho, com suas próprias convicções no coração. 

"Então fico flutuando em silêncio, observando os toques finais desse luar perfeito, e, em um momento de relevação divina, percebo que desvios não são desprovidos de propósito. São uma passagem segura para um destino, evitando armadilhas pelo caminho." - pág. 136

É um livro irreverente, não clássico, não clichê. Não clichê mesmo. Tudo nele te faz respirar com mais intensidade e te faz sentir uma espécie estranha de companheirismo, como saber que não está sozinho neste mundo e que todos somos loucos, embora cada um com sua própria loucura. Nenhuma menos importante e cada qual com seus altos e baixos. Temos almas grandes e ansiamos por mais intensidade, mais vento nos cabelos e mais noites estraladas na praia. Nem sempre conseguimos admitir tal fato para nós, e nem sempre é preciso. Mary Iris Malone reconhece toda a sua loucura e sua alma grande, e faz com que esse reconhecimento seja mais fácil para os que têm o prazer de conhecê-la. 

(Sem falar nos quotes incríveis. Voltei a colecioná-los só por causa desse livro.)

"Mas essa é a essência da mudança, não é? Quando é gradual, chama-se crescimento; quando é rápida, mudança. E, meu Deus, como as coisas mudam: algumas coisas, nada, outras coisas, tudo... Todas as coisas mudam." - pág. 235

2 comentários:

  1. Caramba! Resenha perfeita! Já estou com vontade de ter o livro em mãos! Com certeza será O próximo livro que irei comprar! Amo livros que arrebatam o leitor! É incrível!
    Beijos,
    Luana Agra - Blog Sector 12 - http://sector-12.blogspot.com.br/

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    1. Se você quer ser arrebatada por um livro, esta deve ser, de certeza, sua próxima leitura! Nada se compara à "Mosquitolândia". :)

      Beijos!

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